O Palácio do Bolhão

O Palácio do Bolhão é um monumento nacional, propriedade da Câmara Municipal do Porto, cedido em regime de comodato à ACE Escola de Artes e à ACE Teatro do Bolhão. Depois de catorze anos de trabalhos de recuperação e restauro do edifício e graças aos Patronos, Mecenas, e centenas de Amigos que participaram na campanha Degrau a Degrau, o Palácio abriu finalmente portas à cidade a 27 de março de 2015, sendo hoje um projeto emblemático da cidade do Porto e da sinergia entre a regeneração urbana e a criação cultural e artística. Em abril de 2016 foi distinguido com o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana.

Programa Caminhos da História, de Joel Cleto, no Palácio do Bolhão

 

O Palácio do Bolhão é considerado um dos imóveis mais notáveis da arquitetura civil do Porto oitocentista. Mandado construir em 1844 por António de Sousa Guimarães, Conde do Bolhão e um dos mais ricos comerciantes do país, o Palácio expressa o vigor político e financeiro da burguesia portuense do século XIX, decorado com estuques, pintura e talha assinadas por artistas relevantes da época, como Resende ou João Baptista Ribeiro. As grandes festas, a opulenta vida social, as visitas da família real e uma série de rocambolescos episódios de traições, escândalos e duelos foram imortalizados por Camilo Castelo Branco. O escritor viria a lamentar, mais tarde, a decadência do Palácio quando o Conde, acusado de falsificação de moeda no Brasil, teve de entregar o imóvel ao seu credor José Pereira Loureiro, Visconde de Fragosela.

Em 1890 o Palácio é adquirido pelo comerciante e industrial alemão Emilio Biel tornando-se a sede da Casa Biel. Paralelamente às suas atividades comerciais, Biel é um notável editor e um precursor da fotografia em Portugal. Com a Primeira Grande Guerra, e devido à sua origem alemã, os seus bens são confiscados e o Palácio pilhado registando-se a sua morte em Setembro 1915.

Em 1916 o Palácio é posto à venda pelo Estado e adquirido por Raul Caldvilla, considerado o criador em Portugal do filme de publicidade, já que foi o primeiro encará-la de um modo planeado e profissional. Jornalista, autor dramático, produtor e realizador instalou no Palácio a Caldvilla Film.

Em 1922, o Palácio torna-se propriedade de Raul Oliveira que o converte na sede da Litografia do Bolhão, construindo um anexo acoplado à fachada traseira do Palácio, cobrindo assim o antigo jardim.  O Edifício fica na posse dos seus descendentes até 2001, ano em que é adquirido pela Câmara Municipal do Porto.